Sobre os pagões: é impossível agradar todo mundo - um pouco de bastidores

Parte de tentar imprimir na VITO a nossa identidade e valores pessoais compartilhados pelas pessoas que aqui trabalham têm um contraponto de declarar o que não somos, ainda mais reforçado pela forma sem nuances que tudo acontece nos algoritmos da rede social.

Já tivemos há algum tempo gente que trabalhou conosco e foi contra fazermos um material onde íamos falar sobre câncer de mama e outubro rosa. Pretendíamos contar a história de uma amiga nossa cujo marido havia descoberto o nódulo no seio da esposa e tinha ajudado no diagnóstico. Para essa pessoa que trabalhava com a gente, falarmos disso era um posicionamento machista da empresa porque pressupunha que o homem tinha algum papel de interferência da vida da mulher.

Era um caso real, uma história bonita de um casal que superou o câncer de mama juntos, e não podíamos postar porque na visão desta pessoa, era machista e nós não somos machistas. As minorias muitas vezes tão intolerantes quanto a intolerância que dizem combater. 

Com o lançamento do Pirulito Splash, nosso sabonete íntimo, começaram a surgir os pagões, aqueles que jamais vão aderir ao que você acredita, seja uma ideia ou algo concreto como um produto. Gente nos comentários de posts, parcerias, anúncios e no inbox vociferando contra muita coisa, mas pouca coisa com sentido.

Assim que o produto começou a se espalhar, começaram a chegar os pagões. O usuário Felipe (nome fictício de um usuário da rede social), disse que o produto era "frescura, lava com sabão", "esse mundo de hoje" e por aí vai. Os vários urologistas com anos de estrada que nos ajudaram a desenhar o produto, os usuários que testaram a fórmula, testes urológicos, ninguém tem direito de querer uma higiene mais específica porque o sujeito interagindo numa campanha de rede social acha frescura e que "quem fez o produto deveria ser demitido". 

Ele não comprou, não conhece, provavelmente nem entrou na página do produto, mas acha que é uma frescura você querer usar um produto que quem de fato comprou dá nota de 94/100, mais de 90% de recomendação.

Existem casos mais agressivos, gente que veio no inbox questionar pontos regulatórios que nem tinha ideia, gente questionando o nome do produto ("pirulito? Não pode mais chamar de pênis?") homofobia gratuita, intolerância, gente questionando o porquê de se chamar sabonete íntimo masculino se não são apenas os homens que têm pênis, acho que deu pra entender o nível de agressividade, nada muito fora do padrão do que viraram as redes sociais nos últimos 5 anos.

O ponto aqui para nós é que é impossível criar algo sem imprimir os valores e princípios das pessoas que estão por trás do projeto, ainda mais em produtos de cuidado pessoal. Os pagões vão existir, sempre existiram, mas temos cada vez mais convicção que a voz que importa é a voz de quem consegue ter uma vida minimamente melhor pela VITO existir.